Você já se perguntou o que realmente se esconde nas sombras da noite no Turno da Noite?
Em Catanduva, onde o brilho das luzes da cidade é ofuscado pelo manto da escuridão, essa pergunta ecoa como um sussurro aterrorizante. Eu sou Lucas, um frentista que trabalha em um posto de gasolina na Avenida São Domingos, onde as horas se arrastam e a quietude da madrugada é frequentemente quebrada por sons estranhos. A essa altura, já conheço todos os motoristas que passam por aqui, mas, naquela noite em especial, algo diferente estava prestes a acontecer.
A brisa fresca trazia consigo um leve aroma de eucalipto, típico do bairro da Vila São Benedito, onde cresci. As lembranças da minha infância muitas vezes me visitam durante as longas horas de turno, e a nostalgia é um remédio para o tédio. Lembro-me de correr pela Praça da Matriz, brincando com os amigos, sem nunca imaginar que aquela mesma cidade poderia esconder segredos tão obscuros. Mas à medida que as horas avançavam, a sensação de que algo não estava certo começou a me envolver como um manto pesado.
Era uma noite como tantas outras, mas havia um silêncio incomum. O posto estava vazio, e a luz fluorescente do letreiro piscava intermitentemente, como se estivesse tentando me avisar sobre algo que eu ainda não compreendia. O relógio marcava três da manhã quando um carro parou na bomba. Era um modelo antigo, de pintura descascada, e o motorista parecia nervoso. Ele olhou para os lados, como se esperasse alguém que nunca chegaria.
“Preciso de um litro de gasolina”, disse ele, com uma voz trêmula que não combinava com sua aparência robusta. Enquanto eu abastecia o carro, percebi que sua mão tremia ao segurar a carteira. Algo nele me deixou inquieto. O olhar dele se fixou em um ponto além de mim, e por um instante, eu senti que a noite havia ganhado vida. Ele se virou abruptamente, como se visse algo ou alguém que eu não conseguia perceber. “Você viu alguma coisa estranha por aqui?”, perguntou, quase em um sussurro.
Antes que eu pudesse responder, ele se afastou, acelerando o carro e desaparecendo na escuridão da Avenida Euclides da Cunha. Eu fiquei ali, parado, a mente cheia de perguntas sem respostas. O que poderia ter assustado aquele homem? E por que eu sentia um frio na espinha, como se estivesse sendo observado? A tensão no ar era palpável, quase como uma presença invisível que se escondia entre as sombras das árvores da Praça do Sol.
A inquietação não me deixou. O relógio continuava a marcar o tempo, mas eu sabia que a noite estava longe de ser comum. Uma sensação de que algo estava prestes a acontecer começou a se espalhar pelo meu corpo, como um aviso instintivo. As memórias da minha infância, dos dias ensolarados e despreocupados, foram se desvanecendo, dando lugar a um presente sombrio e cheio de incertezas.
Meu passado não estava isento de traumas. Há anos, perdi meu irmão mais velho em um acidente inexplicável. Ele desapareceu em uma noite chuvosa, e o eco da sua risada ainda ressoa em minha mente. Desde então, a ideia de que o inexplicável pode se esconder nas esquinas da vida me persegue. O que aconteceu naquela noite de junho ainda é um mistério, e cada vez que a escuridão se aproxima, a dor da perda se renova em meu peito.
O vento uivava como se quisesse contar uma história que ninguém estava preparado para ouvir. Olhei para o céu, onde as nuvens pesadas pareciam conspirar contra mim. O único som que quebrava o silêncio era o farfalhar das folhas, e, de repente, um grito distante cortou a noite, fazendo meu coração disparar. Algo estava errado. O medo tomou conta de mim, mas a curiosidade era ainda mais forte. O que havia acontecido? Quem ou o que havia gritado?
Mas quando a noite caiu, algo inexplicável aconteceu. A atmosfera ao meu redor se transformou; a escuridão se adensou, e eu sabia que estava prestes a ser confrontado com um mistério que mudaria minha vida para sempre.
O grito que cortou a noite reverberou em minha mente, ecoando como um chamado para a escuridão que eu não conseguia ignorar. O medo se misturou à curiosidade, e, sem pensar duas vezes, deixei o posto e segui na direção do som. Minha mente estava a mil, repleta de imagens do meu irmão e do mistério que cercava sua morte. Eu precisava entender o que estava acontecendo, precisava descobrir se havia uma conexão entre aquele grito e o que havia acontecido anos atrás.
Enquanto caminhava, a luz da lua parecia dançar nas folhas das árvores, criando sombras que pareciam se esticar e se contorcer. Cada passo que eu dava aumentava a sensação de que algo estava prestes a se revelar. O grito ecoou novamente, mais próximo agora, e eu segui a direção do som, atravessando a Praça do Sol, onde as memórias da minha infância se misturavam com a tensão daquele momento.
Ao chegar ao centro da praça, percebi que havia algo diferente no ar. As luzes dos postes de iluminação piscavam de maneira irregular, e um grupo de pessoas estava reunido, murmurando entre si, com expressões de medo e confusão. Era como se todos estivessem tentando entender um fenômeno que desafiava a lógica. Quando me aproximei, reconheci algumas faces familiares; eram moradores do bairro, pessoas que eu via frequentemente, mas que pareciam estranhas naquela situação.
“Lucas, você não vai acreditar no que aconteceu”, disse Marisa, uma mulher de meia-idade que sempre me cumprimentava quando passava pelo posto. Sua voz tremia, e seus olhos estavam arregalados de terror. “Uma criatura apareceu na floresta! Dizem que é um espírito, ou algo assim.”
“Um espírito?” repliquei, tentando manter a calma, mas a incredulidade transparecia em minha voz. “O que você quer dizer com isso?”
“Eu estava passando pela trilha quando vi algo se movendo entre as árvores. Era como uma sombra, mas tinha forma humana. E então eu ouvi o grito, e… e não consegui mais me aproximar!” Marisa estava quase em lágrimas, e isso só aumentou minha inquietação.
Olhei ao redor e percebi que outros estavam prestando atenção em nossa conversa. Um jovem chamado Rafael, que sempre parecia estar metido em encrenca, entrou na conversa. “Não é só isso. Alguns disseram que viram luzes estranhas sobre a colina. E a polícia está vindo para investigar, mas… eles não têm ideia do que estão lidando.”
A tensão aumentou. O que estava acontecendo naquela noite? A mistura de histórias e rumores apenas alimentava o mistério. A figura do motorista que havia abastecido no posto me veio à mente. Ele estava claramente apavorado, mas o que havia visto? Havia algo maior em jogo, e a conexão com o passado parecia se intensificar.
Aquela conversa estava me consumindo, mas eu não podia ignorar a dor que sentia. A perda do meu irmão sempre pairou sobre mim como uma sombra, e agora, com essas histórias de aparições e gritos, a lembrança dele se tornava ainda mais vívida. O que eu realmente temia era a possibilidade de que, de alguma forma, ele estivesse relacionado com o que estava acontecendo.
“Precisamos investigar por conta própria”, disse Rafael, interrompendo meus pensamentos. “Se essa criatura está por aqui, precisamos saber o que é. Não podemos deixar que o medo nos controle.”
“E se for perigoso?” retruquei, tentando colocar um pouco de razão na conversa. Mas, no fundo, algo dentro de mim queria descobrir a verdade. A ideia de que eu poderia encontrar alguma resposta para o que aconteceu com meu irmão me impulsionava.
Marisa, percebendo a tensão, interveio. “Talvez devêssemos nos dividir. Assim, podemos cobrir mais terreno. Eu posso ir com você, Lucas. Tenho uma sensação estranha, como se algo estivesse me chamando.”
A proposta dela fez meu coração disparar. Não só pela ideia de ir em busca de um mistério, mas também pela presença dela, que me proporcionava um pouco de conforto em meio ao caos. Isso me fez lembrar que, embora o medo estivesse presente, não precisávamos enfrentá-lo sozinhos.
“Certo, vamos juntos”, concordei. “Rafael, você e os outros, fiquem aqui e tentem descobrir mais informações. Se algo acontecer, nos chamem.”
Com um aceno de cabeça, deixei o grupo para trás, seguindo Marisa rumo à floresta que cercava a praça. O caminho estava iluminado pela luz da lua, mas a escuridão parecia se aprofundar à medida que nos afastávamos da segurança das luzes da cidade.
Enquanto caminhávamos, a tensão entre nós crescia. Eu podia sentir que Marisa estava tão assustada quanto eu, mas havia uma determinação em seus olhos. “Você já ouviu alguma história sobre a floresta?” perguntou ela, quebrando o silêncio tenso entre nós.
“Só as lendas que circulam pela cidade. Dizem que é um lugar cheio de mistérios, mas sempre pensei que eram apenas histórias para assustar crianças”, respondi, tentando esconder meu próprio medo.
“Às vezes, as histórias têm uma base de verdade”, ela disse, olhando para frente, como se estivesse tentando ver algo além da escuridão. “Meu avô sempre falava de um espírito que protegia a floresta, mas também de uma entidade que levava aqueles que se aventuravam muito longe. Ele dizia que era preciso ter cuidado, porque a curiosidade poderia custar caro.”
Suas palavras ressoaram em minha mente, e a conexão com meu passado se intensificou. Eu sabia que não era apenas uma questão de encontrar respostas; era uma questão de enfrentar os medos que me assombravam. A dor da perda e o desejo de entender o que tinha acontecido com meu irmão estavam entrelaçados com o que estávamos prestes a descobrir.
Assim que adentramos a floresta, uma onda de frio percorreu meu corpo. O silêncio era ensurdecedor, interrompido apenas pelo som de nossos passos e o farfalhar das folhas. E então, de repente, ouvimos um novo som, um sussurro que parecia vir de todas as direções ao mesmo tempo. A sensação de estar sendo observado se intensificou, e eu sabia que a noite estava apenas começando a revelar seus segredos.
“Lucas, você está bem?” Marisa perguntou, sua voz quase um sussurro. Eu podia ver a preocupação em seu olhar, e isso me fez perceber que não éramos apenas dois curiosos; éramos dois corações em busca de respostas, mergulhando cada vez mais fundo em um mistério que desafiava a lógica e a razão.
“Estou… só um pouco nervoso”, respondi, mas a verdade era que a adrenalina corria em minhas veias. Algo estava prestes a acontecer, e eu sabia que, independentemente do que encontrássemos, nossas vidas nunca mais seriam as mesmas. A escuridão nos cercava, mas nós estávamos determinados a enfrentar os medos que se escondiam nas sombras.
O Sussurro continuava no Turno da Noite…
O sussurro se intensificou, como se a floresta estivesse viva, murmurando segredos antigos e obscuros que ecoavam na minha mente. O medo começou a se misturar com uma sensação estranha, quase como um chamado. Eu não sabia se estava preparado para o que estava prestes a descobrir, mas a urgência de entender o que aconteceu com meu irmão me impulsionava cada vez mais.
“Você ouviu isso?” perguntei a Marisa, tentando manter a voz firme, apesar do temor que se apoderava de mim. Ela acenou com a cabeça, os olhos arregalados, mas não disse nada. O sussurro parecia se transformar em uma sinfonia de vozes, cada uma mais desesperada que a anterior.
Enquanto avançávamos, as sombras dançavam ao nosso redor, distorcendo as formas dos troncos das árvores. Era como se a floresta estivesse nos observando, avaliando cada um de nossos movimentos. A sensação de estarmos sendo seguidos se intensificou, e, por um momento, me perguntei se tudo aquilo não era fruto da minha imaginação. Eu estava à beira de um colapso nervoso, mas a ideia de voltar atrás era ainda mais aterradora.
“Lucas, o que você acha que está acontecendo aqui?” Marisa quebrou o silêncio novamente, sua voz carregada de ansiedade. “Você acredita que há algo sobrenatural à espreita?”
“Não sei…”, respondi, hesitante. “Mas não posso ignorar que tudo isso está ligado ao que aconteceu com meu irmão. A noite da sua morte, ele mencionou algo sobre a floresta e um… um espírito. Eu pensei que estivesse delirando, mas agora… agora tudo parece fazer sentido de uma forma estranha.”
Marisa me olhou, e eu percebi que, de alguma forma, ela também estava conectada ao meu passado. “Você nunca falou sobre isso. O que ele disse exatamente?” Sua curiosidade era palpável, e eu hesitei. Revelar o que meu irmão havia compartilhado era abrir uma ferida que nunca cicatrizara completamente.
“Ele disse que havia algo na floresta que chamava as pessoas, que elas eram atraídas por uma força que não podiam entender. Ele estava preocupado, mas… eu não acreditei. Agora, tudo parece muito mais real.” Um calafrio percorreu minha espinha ao recordar aquelas palavras, e a verdade começou a se manifestar como um peso em meu peito.
O sussurro se intensificou, e eu parei abruptamente, sentindo a necessidade de entender melhor. “Talvez devêssemos parar e ouvir. O que está acontecendo aqui pode ser mais do que apenas histórias.” Marisa assentiu, e nós nos viramos para a direção do som, nossos corações batendo em uníssono.
Foi então que algo inesperado aconteceu. Um brilho intenso atravessou a escuridão à nossa frente, iluminando a floresta como se fosse dia. Olhei para Marisa, e vi que seu rosto estava pálido, mas também havia uma centelha de fascínio em seus olhos. O brilho parecia se mover, pulsando como se tivesse vida própria, e, sem pensar, começamos a caminhar em sua direção.
À medida que nos aproximávamos, o brilho revelou uma figura que se destacava entre as árvores. Era um homem, ou algo que se parecia com um homem, mas sua forma estava distorcida, como se estivesse em constante mutação. Ele parecia estar envolto em um halo de luz, e a expressão em seu rosto era tanto enigmática quanto aterradora.
“Quem é você?” perguntei, a voz me falhando de medo e curiosidade. Mas, quando a figura se virou para nós, senti uma onda de reconhecimento invadir minha mente. Era como se eu tivesse visto aquele rosto em um sonho, ou talvez em uma lembrança distante. Meu coração disparou e a confusão tomou conta de mim.
“Lucas…?” A voz do homem era suave, quase um sussurro. “Você finalmente veio.”
Eu estremeci. Aquela voz… era a mesma que eu ouvira em meus sonhos, nos momentos mais sombrios da minha perda. “Você… você sabe quem eu sou?” perguntei, meu corpo paralisado pela incredulidade.
“Eu sou aquele que guarda os segredos da floresta. E seu irmão… ele estava aqui antes de você. Ele buscou respostas, assim como você.”
A revelação atingiu-me como um golpe. Meu irmão. Ele havia estado ali, naquele mesmo lugar, buscando respostas que eu agora procurava. O que mais ele havia encontrado? O que tinha acontecido com ele? As perguntas começaram a se acumular em minha mente como um turbilhão, e a sanidade começou a vacilar. O medo e a curiosidade se entrelaçavam, e eu me perguntava se realmente estava pronto para descobrir a verdade.
“Ele não deveria ter vindo”, continuou a figura, sua voz agora mais grave. “A floresta guarda segredos que não podem ser revelados sem um preço. Ele pagou o preço, e agora você está prestes a fazer o mesmo.”
“Não!” gritei, a raiva e o desespero se misturando. “Eu não vou deixar que isso aconteça! O que você quer de mim?”
A figura sorriu, mas não era um sorriso gentil. Era um sorriso que falava de dor e perda. “Você deve escolher. Siga o caminho da verdade e enfrente os fantasmas do seu passado, ou volte e permaneça na escuridão do desconhecido. A escolha é sua, mas saiba que a curiosidade tem um preço.”
Aquelas palavras ecoaram na floresta, e eu percebi que estava em um ponto de virada. Não era apenas sobre meu irmão; era sobre mim, sobre os traumas que eu carregava e as verdades que eu evitava. A noite estava se transformando em um pesadelo, e a figura diante de mim era um reflexo das minhas próprias dúvidas e medos.
Marisa estava ao meu lado, e eu me voltei para ela. “O que devemos fazer?” perguntei, a voz cheia de incerteza.
“Precisamos descobrir a verdade, Lucas. Não podemos voltar agora. Se isso está conectado ao que aconteceu com seu irmão, devemos enfrentar isso juntos.”
A determinação em sua voz me deu coragem, mas o pavor ainda permanecia em meu coração. A figura na minha frente estava se desvanecendo, e eu sabia que o tempo estava se esgotando. “Espere!”, gritei, mas ele simplesmente sorriu e desapareceu na escuridão, deixando apenas o eco de suas palavras.
“Você está pronto para a verdade?”
O sussurro na floresta se intensificou, e eu percebi que não havia como voltar atrás. O que quer que houvesse à frente, eu precisava enfrentar. O peso do passado estava sobre mim, e a escuridão se aproximava, mas eu não estava sozinho. Marisa estava ao meu lado, e juntos, estávamos prestes a desvendar um mistério que poderia mudar nossas vidas para sempre.
Com o coração acelerado, seguimos em frente, determinados a descobrir a verdade sobre meu irmão e o que a floresta realmente guardava. A noite estava apenas começando, e os segredos que ela escondia estavam prestes a ser revelados.
A escuridão ao nosso redor parecia ganhar vida, cada sombra e cada movimento se tornando um espectro de medo e desejo. Enquanto eu e Marisa adentramos mais na floresta, o sussurro que antes era distante agora se tornara uma cacofonia ensurdecedora, como se todos os espíritos da floresta estivessem clamando por atenção. O ar estava pesado com uma energia que pulsava e vibrava, e eu podia sentir a tensão crescendo como um fio prestes a se romper.
“Lucas, você está bem?” Marisa perguntou, sua voz um fio de preocupação em meio ao caos que nos cercava. Eu a olhei, tentando encontrar conforto em seus olhos, mas a verdade era que eu me sentia à beira do abismo. O que quer que estivesse à espreita nessa floresta, eu sabia que não estava preparado. No entanto, a lembrança do meu irmão e a promessa de descobrir a verdade me impulsionavam adiante.
Caminhávamos lentamente, os nossos passos ecoando no chão coberto de folhas e galhos secos. A luz que havia visto antes parecia estar mais próxima agora, e uma parte de mim estava desesperada para alcançá-la. “Vamos, precisamos nos apressar”, eu disse, a urgência na minha voz refletindo o turbilhão de emoções que me consumia.
Assim que nos aproximamos do brilho, ele se transformou em uma luz ofuscante, e eu tive que fechar os olhos por um momento. Quando finalmente consegui abrir os olhos novamente, a figura que havia visto antes estava diante de nós, mas agora ela parecia mais clara, mais definida. O homem estava parado ali, e atrás dele, uma cena surreal se desenrolava. Era como se a própria floresta estivesse viva, retorcendo-se e mudando, como um quadro em movimento.
“Você decidiu vir”, a voz do homem soou como um eco distante, reverberando em meu peito. “Mas a escolha que você fez não é simples. Você está preparado para enfrentar o que vem a seguir?”
“Eu não sei! Eu só quero entender!” gritei, as emoções transbordando. “O que aconteceu com meu irmão? O que você sabe sobre ele?”
O homem inclinou a cabeça, e seus olhos brilharam com uma sabedoria antiga. “Seu irmão buscou a verdade, mas a verdade pode ser uma bênção e uma maldição. Ele encontrou algo que não deveria ter encontrado. E agora, você deve decidir se está disposto a correr o mesmo risco.”
Eu olhei para Marisa, que parecia tão perdida quanto eu. “Lucas, o que você está pensando?” ela perguntou, a preocupação evidente em seu tom. “Esse cara… ele pode estar tentando nos manipular. Precisamos ter cuidado.”
“Eu sei”, respondi, mas uma parte de mim estava desesperada para continuar. “Mas também sei que não podemos nos afastar mais. Se o que aconteceu com meu irmão tiver alguma relação com isso, não posso ignorar.”
A figura diante de nós deu um passo à frente, e a luz ao seu redor pulou, como se estivesse viva. “A verdade está ao seu alcance, mas você deve estar pronto para enfrentar não apenas os segredos da floresta, mas também os seus próprios medos.”
Então, como se a floresta estivesse respondendo ao seu chamado, o chão sob nossos pés começou a tremer. As árvores ao nosso redor pareciam se inclinar, e o sussurro tornou-se um grito ensurdecedor. Eu me agarrei a Marisa, e ela fez o mesmo, nossos olhos se encontrando em um momento de entendimento silencioso. Estávamos juntos nessa, mas a sensação de que algo estava prestes a acontecer me deixou em pânico.
“Você tem que escolher, Lucas!” a figura disse, sua voz agora um rugido que ecoava por toda a floresta. “Você pode ir embora agora e nunca mais voltar, ou pode dar o passo final e descobrir tudo. Mas saiba que as consequências podem ser terríveis.”
Uma onda de adrenalina correu por mim. Eu sabia que, independentemente da escolha que fizesse, não havia como voltar atrás. “Eu escolho a verdade!” gritei, a determinação queimando dentro de mim. “Eu não vou fugir do que aconteceu com meu irmão.”
“Então prepare-se”, a figura respondeu, e seu sorriso se alargou, revelando uma mistura de tristeza e aprovação. “O que você encontrará poderá mudar tudo.”
A luz ao nosso redor explodiu em um brilho ofuscante, e fui puxado para dentro de uma visão. As árvores se transformaram em sombras retorcidas, e vi flashes da vida de meu irmão, momentos de alegria e desespero, risos e lágrimas. Eu estava vendo o que ele havia encontrado, o que o levara a essa floresta. E então, uma figura familiar apareceu no meio daquelas visões — meu irmão, com um olhar de terror em seu rosto.
“Lucas!” ele gritou, mas sua voz era distorcida, como se estivesse sendo arrastada para longe. “Cuidado com o que você procura! Há coisas aqui que você não pode entender!”
O desespero tomou conta de mim. “Não! Não vá! O que você descobriu? O que está acontecendo?” Mas a visão começou a desvanecer, e eu podia sentir a conexão se rompendo, como se ele estivesse sendo puxado para a escuridão.
“Lucas!” Marisa gritou, e eu percebi que ela estava lutando contra uma força invisível. “Ajude-me!”
Olhando para ela, percebi que a floresta estava tentando separar-nos. Um pânico crescente me envolveu, e a escolha que fizera agora parecia não apenas sobre mim, mas também sobre a segurança de Marisa. “Fique comigo!” gritei, enquanto tentava alcançar sua mão, mas a luz se tornava cada vez mais intensa, e a escuridão ameaçava nos engolir.
“A verdade tem um preço, Lucas!” a figura gritou, sua voz ecoando em minha mente. “Você está disposto a pagá-lo?”
O medo e a determinação lutavam dentro de mim, e eu sabia que, para salvar não apenas a mim, mas também a Marisa, eu precisava enfrentar essa verdade de frente. Eu não poderia deixar que a escuridão nos separasse. Com todas as minhas forças, eu puxei Marisa em direção à luz, determinados a enfrentar o que quer que estivesse à nossa espera.
“Estou pronto!” declarei, a voz firme apesar do tumulto ao meu redor. “Vamos descobrir juntos!”
E com isso, a luz nos envolveu, e a floresta parecia se calar, como se estivesse aguardando ansiosamente a revelação que estava prestes a se desdobrar diante de nós. O momento decisivo estava aqui, e eu sabia que a verdade, por mais dolorosa que fosse, era a única maneira de encontrar a paz que tanto buscava.
A luz nos engoliu, e, por um breve instante, senti como se estivesse flutuando entre realidades. A escuridão, antes ameaçadora, agora se transformou em um manto macio, e eu deixei que a luz me guiasse. Quando finalmente abrimos os olhos, estávamos em um local que parecia uma interseção entre a floresta e um espaço etéreo, onde as árvores eram imensas e as folhas brilhavam como se estivessem cobertas de orvalho sob a luz da lua.
“Lucas!” Marisa disse, a voz trêmula, mas havia um brilho de esperança em seus olhos. “O que aconteceu? Onde estamos?”
Olhando ao nosso redor, percebi que estávamos em uma clareira rodeada por árvores que pareciam pulsar, como se estivessem vivas. No centro, havia uma fonte de água cristalina que emanava uma luz suave, refletindo o brilho da lua. Mas algo estava errado. A atmosfera estava carregada de uma tensão palpável, como se o próprio ar estivesse esperando por algo.
“Eu não sei,” respondi, minha voz falhando. “Mas precisamos entender o que aconteceu. Precisamos encontrar meu irmão.”
Enquanto falava, vi flashes de imagens se formando nas águas da fonte. Meu irmão apareceu novamente, mas desta vez, seu olhar era diferente. Ele estava envolto em uma névoa, mas a expressão em seu rosto era de alívio e dor ao mesmo tempo. “Lucas!” sua voz ecoou na clareira, mas a imagem logo se desfez, como se algo estivesse tentando mantê-lo longe de nós.
“Ele está aqui,” murmurei, sentindo uma onda de esperança misturada com desespero. “Ele está tentando nos dizer algo.”
Marisa se aproximou da fonte, a curiosidade superando o medo. “O que você acha que isso significa? Por que ele está preso aqui?”
“Talvez a verdade que ele encontrou esteja ligada a esse lugar,” eu disse. “Precisamos descobrir o que isso significa para que possamos trazê-lo de volta.”
Olhando para a água, percebi que a cena estava mudando novamente. Agora, uma imagem de meu irmão cercado por sombras começou a se formar. Ele estava em uma caverna, cercado por símbolos antigos e figuras que dançavam ao seu redor. O medo em seu olhar me cortou como uma faca. “Cuidado, Lucas! A verdade é enganadora!” Ele gritou, e a imagem se desfez em uma explosão de luz.
O desespero tomou conta de mim. “Não, não! O que isso significa?” Eu gritei, mas as imagens haviam desaparecido. Olhei para Marisa, que estava pálida, mas determinada. “Precisamos descobrir o que essas sombras representam. Se ele está preso, então temos que libertá-lo.”
“Mas como? O que podemos fazer?” Marisa perguntou, sua voz tremendo.
“Precisamos confrontar essas sombras,” declarei, sentindo a determinação crescer dentro de mim. “Se as sombras são o que o mantém longe, precisamos enfrentá-las.”
A clareira começou a tremer, e as árvores ao nosso redor começaram a se inclinar, como se estivessem reagindo ao nosso plano. O sussurro que antes era distante agora se transformou em gritos e sussurros, como se a própria floresta estivesse ciente do que estávamos prestes a fazer.
“Você tem certeza disso?” Marisa perguntou, sua expressão preocupada. “E se as sombras forem perigosas?”
“Eu não tenho escolha,” respondi, minha voz firme. “Se eu não enfrentar isso agora, nunca terei paz. Meu irmão precisa de mim, e eu preciso descobrir a verdade.”
Com isso, começamos a caminhar em direção à escuridão que cercava a clareira. A luz da fonte parecia nos guiar, mas o ar estava pesado, e as sombras se moviam como serpentes, tentando nos dissuadir a seguir em frente. Cada passo que dávamos parecia um desafio, e eu sentia que algo dentro de mim estava mudando, como se as sombras também estivessem tentando se infiltrar em meus pensamentos.
Quando finalmente alcançamos um ponto onde a escuridão era mais densa, as sombras se materializaram diante de nós. Eram figuras indistintas que se moviam de maneira errática, suas formas se contorcendo e mudando, como se fossem reflexos de medos e inseguranças.
“Você não deveria estar aqui,” uma das sombras sussurrou, sua voz soando como um eco distante. “O que você procura pode destruir você.”
“Não me diga o que eu posso ou não posso fazer,” respondi, a raiva queimando dentro de mim. “Estou aqui para salvar meu irmão.”
As sombras começaram a formar uma barreira em torno de nós, suas vozes se unindo em um coro de advertências. Mas eu mantive meu olhar firme, lembrando-me das palavras de meu irmão e da verdade que ele havia buscado. “Eu não tenho medo!”
Então, uma luz brilhou na escuridão, irradiando de dentro de mim. Era uma luz quente, que parecia espelhar a esperança e o amor que eu sentia por meu irmão. As sombras hesitaram, e eu percebi que a luz era a chave para confrontá-las.
“Marisa, precisamos unir nossas forças!” gritei, e ela imediatamente se juntou a mim, suas mãos entrelaçadas às minhas. Juntos, começamos a canalizar a luz, e as sombras começaram a recuar, seus gritos se transformando em lamúrias.
“Isso! Estamos quase lá!” eu gritei, enquanto a luz crescia, envolvendo-nos em um brilho intenso. As sombras começaram a se dissipar, e, por um momento, tudo ficou em silêncio.
Mas então, uma sombra mais imensa se destacou, uma figura que parecia absorver toda a luz ao nosso redor. “Você não pode escapar da verdade!” ela rosnou, sua voz ecoando como um trovão.
“Eu não estou aqui para escapar!” respondi, a determinação pulsando em minha voz. “Estou aqui para enfrentá-la!”
Com um último esforço, canalizamos nossa energia na figura, e a luz explodiu em uma onda de calor e força. As sombras gritaram e se desvaneceram, e a clareira foi preenchida com uma luz ofuscante.
Quando a luz finalmente se dissipou, a clareira estava silenciosa. As árvores voltaram ao normal, e a fonte brilhava serenamente. Mas a sensação de que algo ainda estava por vir permaneceu no ar.
“Fizemos isso,” Marisa disse, exausta, mas aliviada. Olhei para ela e vi que tinha a mesma mistura de emoções que eu: um senso de conquista, mas também uma tristeza profunda.
“Mas e meu irmão?” perguntei, meu coração apertando. “O que aconteceu com ele?”
Nesse momento, a imagem de meu irmão apareceu novamente na fonte, mas desta vez, ele parecia mais calmo. “Lucas, eu sempre estarei com você. A verdade que eu encontrei não é apenas uma maldição, mas uma oportunidade de crescimento. Você venceu, mas as sombras podem sempre retornar. Cuide-se e continue a buscar a luz.”
A imagem desapareceu, e eu senti uma onda de tristeza, mas também um novo propósito. Marisa se virou para mim, seus olhos brilhando com determinação. “O que faremos agora?”
“Precisamos descobrir o que mais está escondido aqui,” respondi, determinado. “A floresta ainda guarda segredos, e não podemos parar agora.”
Enquanto nos afastávamos da clareira, percebi que, embora tivéssemos enfrentado as sombras e libertado meu irmão de certa forma, ainda havia mistérios não resolvidos. O que ele havia descoberto na caverna? E o que essas sombras realmente representavam? As perguntas ainda pairavam no ar, e uma sensação de que a história estava longe de acabar me seguia.
E assim, com o peso da verdade em nossos corações, partimos em busca de respostas, sabendo que a floresta ainda guardava segredos e que novos desafios nos aguardavam.
Enquanto nos afastávamos da clareira, um novo peso se instalou em meu coração. A sensação de vitória e alívio que experimentamos ao derrotar as sombras rapidamente se dissipou, dando lugar a um pressentimento sombrio. O que quer que meu irmão tivesse descoberto não era o fim; era apenas um prelúdio.
“Lucas, você está bem?” Marisa perguntou, percebendo a mudança em meu semblante.
“Não sei,” respondi, a voz trêmula. “É como se algo estivesse se formando nas sombras, como se elas não tivessem sido completamente derrotadas.”
Conforme caminhávamos, a floresta começou a mudar novamente. As árvores que antes pareciam pulsar com vida agora se curvavam, como se estivessem se afastando de algo. A atmosfera ficou pesada, e um sussurro sinistro percorreu o ar, um eco de vozes distantes que parecia chamar.
“Você sente isso?” Marisa perguntou, seus olhos arregalados.
“Sim,” afirmei, parando para ouvir. “É como se a floresta estivesse… alertando-nos.”
E então, como se tivesse sido convocado, um vento gélido atravessou a clareira. A luz da fonte começou a piscar, e, em um instante, uma sombra colossal emergiu das profundezas da escuridão. Era uma figura imensa, sua forma indistinta, mas seus olhos – dois orbes de escuridão – brilhavam com uma malevolência palpável.
“Vocês pensaram que poderiam me deter?” a sombra riu, sua voz reverberando como um trovão. “Eu sou a verdade que vocês temem. E agora, eu retorno mais forte!”
A luz que antes emanava de mim e de Marisa começou a vacilar, e a sensação de desespero tomou conta novamente. O que havia sido uma vitória agora parecia uma ilusão. A sombra se aproximou, os olhos fixos em nós, como se pudesse sentir nosso medo.
“Você não pode escapar da escuridão que reside dentro de você, Lucas,” disse a sombra, sua voz como um veneno em meu sangue. “Eu sou o reflexo de suas inseguranças, de suas dúvidas. E eu estou aqui para ficar.”
“Não!” gritei, mas a sombra se aproximou, e com um movimento, tudo ao nosso redor começou a escurecer. A clareira se transformou em um abismo, e a fonte de luz foi engolida pela escuridão.
Senti Marisa agarrar a minha mão, mas o peso da sombra era esmagador. “Lucas, o que vamos fazer?” ela perguntou, o medo transparecendo em sua voz.
“Precisamos lutar!” eu respondi, mas a certeza de que estávamos lutando contra algo muito maior do que nós começou a me atingir. As sombras estavam se reunindo, formando uma onda que parecia querer nos engolir.
“Essa não é a última vez que você ouvirá de mim,” a sombra sussurrou, enquanto uma escuridão profunda nos envolveu. “Eu voltarei, mais forte, mais implacável. E da próxima vez, você não terá como escapar.”
Com um último grito, tudo se apagou.
Quando finalmente acordei, estava de volta na clareira, mas a luz da fonte estava agora apagada, e as árvores ao meu redor eram apenas silhuetas sombrias. Marisa estava ao meu lado, mas seu olhar estava distante, como se ela também estivesse sentindo a sombra que nos cercava.
“Lucas, o que aconteceu?” ela perguntou, sua voz perdida na escuridão.
“Eu… não sei,” respondi, o terror se instalando em meu peito. “Mas eu sinto que o mal não foi realmente derrotado. Ele apenas está esperando, se preparando para voltar.”
E assim, enquanto a floresta permanecia envolta em um silêncio opressivo, sabia que a batalha estava longe de terminar. O mal havia ressurgido, mais poderoso do que antes, e a nossa jornada estava apenas começando.
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