Relato de Terror sobre as Gavetas do Necrotério antigo de Curitiba

O Que Acontece Nas Gavetas do Necrotério antigo de Curitiba

A pergunta ecoava na minha mente: o que realmente acontece nas sombras das gavetas do necrotério antigo de Curitiba? A cidade, que aos olhos de muitos é apenas um amontoado de ruas e prédios, guarda segredos que sussurram através do tempo, como os ecos dos que já partiram. As gélidas paredes do necrotério, localizado no bairro São Francisco, sempre me atraíram, como se fossem um imã para a curiosidade e para o medo. Desde pequeno, eu ouvia as histórias sobre aquelas gavetas, onde corpos eram armazenados e, segundo os mais supersticiosos, onde algumas almas nunca encontraram descanso.

Meu nome é Rafael, e sempre fui fascinado pelo inexplicável. Cresci em um lar marcado pela ausência; meu pai desapareceu em circunstâncias misteriosas quando eu tinha apenas dez anos. A dor da perda cultivava em mim uma inquietação, uma busca incessante por respostas que a vida se recusava a oferecer. Quando soube que o necrotério seria desativado, uma urgência tomou conta de mim. Precisava descobrir o que havia além daquelas portas enferrujadas, o que as gavetas escondiam.

Ao me aproximar do local, a brisa gélida parecia sussurrar segredos. A luz do sol se esvaía rapidamente, e a sombra do edifício se estendia como um manto escuro sobre o chão. As paredes, cobertas por grafites que contavam histórias de dor e perda, eram um lembrete constante de que ali, em algum momento, a vida se despedia. A atmosfera estava carregada de uma tensão palpável, como se o próprio ar estivesse entrecortado por lamentos e sussurros do passado.

Assim que entrei, o cheiro de formol e umidade se misturaram, criando uma sinfonia de odores que aguçava meus sentidos. As gavetas, longas e metálicas, se alinhavam como sentinelas de um mistério não resolvido. O silêncio era ensurdecedor, e a única coisa que quebrava a tranquilidade era o som do meu próprio coração, pulsando freneticamente em meu peito. Era como se aquelas paredes soubessem que eu estava ali, que eu buscava algo mais do que respostas; buscava um sentido.

Foi então que percebi: havia algo diferente em uma das gavetas. Ela estava entreaberta, como se aguardasse uma visita, um convite que eu não sabia se deveria aceitar. O frio que emanava dela parecia se entrelaçar com a dor que eu carregava, e foi nesse momento que me lembrei da noite em que meu pai desapareceu. Ele sempre falava sobre a vida e a morte como se fossem dois lados da mesma moeda, e eu me perguntava se, de fato, ele havia cruzado essa linha.

A curiosidade se transformou em ansiedade, e eu sabia que não poderia recuar. Algo naquela gaveta chamava por mim, como se o destino estivesse entrelaçado à minha busca. Mas quando a noite caiu, algo inexplicável aconteceu…

A noite caiu como um véu pesado sobre Curitiba, e eu me vi diante da gaveta entreaberta, meu coração palpitando em um ritmo frenético. A atmosfera ao meu redor parecia se alterar, como se a escuridão estivesse viva e sussurrasse segredos que eu ainda não estava preparado para ouvir. Hesitei por um momento, lembrando das histórias que ouvira sobre aqueles que, movidos pela curiosidade, nunca mais foram vistos. Mas a urgência de descobrir a verdade sobre meu pai me empurrou para frente.

Quando finalmente puxei a gaveta, o metal frio e reluzente se abriu com um rangido agudo, revelando um corpo coberto por um lençol branco. O que me fez parar foi o rosto: era de um homem que eu conhecia, ou pelo menos achava que conhecia. Era Carlos, um amigo da família, alguém que sempre esteve presente nas reuniões e nas conversas sobre o desaparecimento do meu pai. A visão me fez recuar, o coração afundando na minha garganta.

Nesse momento, uma voz soou atrás de mim, quebrando o silêncio ensurdecedor. “Você não deveria estar aqui.” Era Clara, uma jornalista local que sempre se interessou por histórias de mistério e tragédia. Eu a conhecia de vista, mas nunca havia trocado mais do que algumas palavras. Ela tinha uma expressão séria, e seus olhos estavam cheios de uma intensidade que me fez sentir que ela sabia mais do que estava disposta a dizer.

“Eu… eu precisava saber a verdade sobre meu pai,” respondi, a voz trêmula. “E agora… Carlos? O que aconteceu com ele?”

Clara hesitou, e por um momento, o silêncio entre nós foi carregado de tensão. “Carlos estava investigando algo perigoso. Ele acreditava que o desaparecimento do seu pai estava ligado a uma rede maior de corrupção e segredos obscuros na cidade. Ele estava prestes a revelar informações que poderiam colocar sua vida em risco.”

O peso das palavras dela me atingiu como um soco no estômago. A conexão entre meu pai e Carlos começou a se formar em minha mente, e eu percebi que estava diante de algo muito maior do que eu poderia imaginar. “Você sabe onde posso encontrá-lo? Tem mais pessoas envolvidas nisso?”

Ela me encarou, e a expressão em seu rosto mudava. “Talvez. Mas não é seguro. Se eles descobriram que Carlos está morto, você pode ser o próximo. Não posso deixar que isso aconteça.”

A ideia de que eu poderia ser um alvo me deixou gelado. Mas a verdade sobre meu pai parecia mais importante do que qualquer medo. “Se você sabe algo, precisa me ajudar. Não posso ficar parado enquanto há respostas a serem descobertas.”

Clara respirou fundo, avaliando a situação. “Está bem. Mas precisamos ser cautelosos. Eles estão sempre observando.”

Enquanto falávamos, o ambiente ao nosso redor parecia se fechar. O necrotério, com suas sombras e sussurros, se tornava um labirinto de mistérios. Eu sentia que cada palavra trocada era uma chave que poderia abrir portas para verdades que talvez fossem melhor deixar fechadas. E, no fundo, uma parte de mim questionava se estava pronto para lidar com o que ainda estava por vir.

“Vamos sair daqui,” Clara disse, puxando-me para fora da sala. “Temos que nos mover antes que eles percebam que estamos juntos.”

Assim que nos afastamos das gavetas, uma sensação de urgência tomou conta de mim. Os desafios que se aproximavam não eram apenas físicos, mas emocionais. Eu estava prestes a enfrentar não apenas os segredos do necrotério, mas também as verdades sombrias da minha própria história. E, mais uma vez, a pergunta que ecoava em minha mente se tornava mais intensa: até onde eu estava disposto a ir para encontrar as respostas que tanto ansiava?

Enquanto Clara e eu nos afastávamos do necrotério, a adrenalina pulsava em minhas veias. Cada passo parecia ecoar em um abismo de incertezas. O ar estava carregado de tensão, e o peso da revelação sobre Carlos ainda me deixava atordoado. O que mais eu não sabia? O que mais estava escondido sob a superfície tranquila da vida em Curitiba?

Clara me conduziu por um corredor estreito, suas mãos firmes segurando meu braço. “Precisamos encontrar um lugar seguro para conversar,” ela disse, os olhos rastreando o ambiente como se esperasse que algo, ou alguém, aparecesse nas sombras. Um frio percorreu minha espinha. Cada canto poderia esconder um inimigo.

Finalmente, encontramos uma sala de espera vazia. Assim que a porta se fechou atrás de nós, eu me voltei para Clara, ansioso. “O que Carlos estava prestes a revelar? O que isso tem a ver com meu pai?”

Ela hesitou, como se ponderasse se deveria me envolver ainda mais nesse emaranhado de segredos. “Carlos descobriu que seu pai estava envolvido em algo muito maior do que apenas seu desaparecimento. Ele acreditava que havia uma rede de corrupção que se estendia até as esferas mais altas do governo local. E, mais que isso, ele suspeitava que pessoas próximas a você estavam envolvidas.”

Eu a encarei, a confusão tomando conta de mim. “Pessoas próximas a mim? Como assim?”

“Eu sei que isso é difícil de acreditar,” Clara continuou, a voz baixa. “Mas seu pai não era apenas uma vítima. Ele estava investigando algo e, para isso, precisou de aliados. Alguém que você considera um amigo pode não ser quem parece ser.”

O que ela estava dizendo começou a girar em minha mente como um furacão. Meus amigos, minhas conexões… quem poderia eu realmente confiar? “Você está dizendo que alguém da minha vida está envolvido nisso? Que poderia ter traído meu pai?”

“Não sei todos os detalhes, mas posso sentir que há mais do que aparenta. Carlos estava perto de descobrir algo crucial, e ele acreditava que a vida de todos nós estava em perigo por causa disso.”

De repente, uma lembrança me atingiu como um raio. Um encontro casual com um amigo de infância, Lucas, que sempre teve interesses estranhos e uma curiosidade insaciável. Ele poderia ser o elo que faltava, a ligação entre meu passado e essa teia de corrupção. Mas como eu poderia confrontá-lo sem provas? E, mais importante, sem me colocar em risco?

Enquanto eu lutava para processar tudo, ouvi um barulho vindo do corredor. Clara pressionou um dedo nos lábios, pedindo silêncio. O som de passos se aproximava, e meu coração disparou. “Temos que sair daqui, agora!”

Mas, antes que pudéssemos nos mover, a porta se abriu de uma vez, revelando uma figura familiar. Era Lucas. Seu olhar estava carregado de uma mistura de surpresa e algo que se assemelhava a medo.

“Vocês não deveriam estar aqui,” ele disse, e, pela primeira vez, a desconfiança se instalou em mim. O que ele sabia? O que ele estava escondendo?

Naquele momento, percebi que a linha entre amigo e inimigo estava se tornando perigosamente tênue. E, mais do que nunca, eu precisava descobrir a verdade, não apenas sobre meu pai, mas sobre todos ao meu redor. O que mais eu ainda não sabia, e até onde eu estava disposto a ir para descobrir?

Lucas ficou parado na porta, suas mãos tremendo ligeiramente. O ambiente ao nosso redor parecia carregar um peso insuportável, e eu sentia que a tensão era quase palpável. “O que você quer dizer com isso?” perguntei, a voz saindo mais firme do que eu esperava, apesar do turbilhão de emoções que me invadia.

“Vocês não deveriam estar aqui,” ele repetiu, os olhos se desviando de mim para Clara. A expressão no seu rosto havia mudado. O medo dava lugar a uma determinação sombria. “Vocês não têm ideia do que estão se metendo.”

“E você tem?” eu respondi, avançando um passo em sua direção. Clara ficou ao meu lado, sua presença dando-me um pouco mais de coragem. “O que está acontecendo, Lucas? O que Carlos descobriu que você não quer que saibamos?”

Ele respirou fundo, como se estivesse pesando suas opções. A hesitação era evidente e, por um instante, pensei que ele revelaria tudo. Mas então, a máscara de amigo se quebrou, e uma expressão de frustração cruzou seu rosto. “Você não entende, é mais complicado do que parece. Se eu contar a vocês, posso colocar suas vidas em risco.”

“Minhas vidas?” Eu ri, mas era um riso nervoso. “Você sabe que estamos todos em perigo, não sabe? Carlos está morto, e isso vai além de uma simples investigação. Se você realmente se preocupa conosco, então me diga a verdade!”

A tensão no ar era quase elétrica. Ele olhou para Clara, e eu percebi que havia algo entre eles, um entendimento silencioso que eu não conseguia decifrar. O que mais estava escondido? Eu sentia que o chão sob meus pés estava se desfazendo, e a única coisa que me mantinha firme era a necessidade de descobrir a verdade.

“Você não pode confiar em mim,” Lucas finalmente disse, a voz hesitante. “Mas há uma razão pela qual eu não posso deixar você saber tudo. A verdade sobre seu pai… é mais perigosa do que você imagina.”

“Então me diga o que você sabe!” eu gritei, a frustração transbordando. “Você está me dizendo que eu sou um alvo e não tem coragem de me dizer por quê?”

Nesse momento, a porta se fechou abruptamente, e uma figura encapuzada apareceu atrás de Lucas. O clima na sala mudou instantaneamente. “Você não deveria ter vindo aqui, Lucas,” disse a figura, a voz baixa e ameaçadora. “Agora, você terá que arcar com as consequências.”

Meu coração disparou. O que estava acontecendo? Eu não podia deixar que Lucas saísse impune. Ele tinha que saber que eu não estava apenas atrás de respostas, mas de justiça – e que, se ele sabia mais do que estava revelando, eu não hesitaria em confrontá-lo.

“Lucas, você está com eles?” eu perguntei, a incredulidade se transformando em raiva. “Você está me dizendo que você está do lado deles?”

Ele hesitou, mas antes que pudesse responder, a figura encapuzada avançou. “Isso não é sobre você, garoto. É sobre algo muito maior. E você não deve se meter.”

Senti uma onda de adrenalina e, em um impulso, empurrei Lucas para o lado. “Se você está com eles, então o que mais você está escondendo? Não vou deixar que você fuja da verdade!”

O ambiente estava prestes a explodir em um confronto que eu não poderia prever. O que quer que estivesse em jogo agora se tornara pessoal. E eu sabia que, independentemente do que acontecesse, eu precisaria enfrentar isso de frente.

O impacto da figura encapuzada contra a parede foi tão abrupto que senti a adrenalina pulsando em minhas veias. A luta não era só minha; era o reflexo de tudo que havia acontecido até agora. Lucas hesitou, sua expressão se contorcendo entre medo e lealdade. Eu sabia que não poderia confiar nele, mas ainda assim, uma parte de mim queria acreditar que ele não estava do lado errado.

A figura avançou em nossa direção e, em um movimento rápido, lançou um golpe certeiro contra Lucas. Ele caiu no chão, e eu me senti paralisado por um momento, incapaz de agir. Clara gritou, mas não havia tempo para hesitar. Eu precisava fazer algo. Com um impulso, me joguei na frente de Lucas, recebendo um soco que me fez cambalear para trás. A dor explodiu no meu rosto, mas eu não ia recuar.

“Pare!” gritei, tentando recuperar a compostura. “Se você quer lutar, vai ter que passar por mim primeiro!” A figura parou, e em seus olhos vi um brilho de surpresa. Era como se eu tivesse desafiado um destino que ele achava inevitável.

“Você é mais teimoso do que eu pensei,” ele murmurou, recuando um passo. “Mas não tenho tempo para brincadeiras.”

Com um movimento ágil, ele se virou e correu para a porta. Clara, que havia se recuperado do choque, correu atrás dele, mas eu a segurei. “Espere! Não sabemos o que mais pode estar lá fora!”

Lucas, ainda no chão, começou a se arrastar para longe, os olhos arregalados. “Você não pode deixá-lo escapar! Ele sabe mais do que imagina!” Sua voz estava carregada de pânico, e eu percebi que ele não estava apenas preocupado com sua segurança, mas com o que poderia acontecer se aquela figura desaparecesse.

“Eu não posso deixar você aqui!” eu disse, puxando-o para cima. O que quer que estivesse acontecendo era maior do que nós três. O mistério sobre meu pai, a morte de Carlos, tudo parecia entrelaçado de uma forma que eu ainda não conseguia compreender.

Ao sairmos do local, ouvi sirenes ao longe. Clara olhou para mim, seu olhar cheio de preocupação. “E agora? O que fazemos?”

Não tinha certeza, mas algo dentro de mim sabia que essa não era a última vez que enfrentaríamos aquela figura. As pistas que ele deixara, as palavras não ditas de Lucas… tudo isso ainda pairava no ar como uma sombra.

“Precisamos descobrir a verdade,” respondi, o peso da situação começando a se assentar em meus ombros. “E por mais doloroso que seja, temos que descobrir o que aconteceu com meu pai e por que Carlos morreu.”

Enquanto nos afastávamos do local, a sensação de que havia muito mais por trás de tudo isso me atormentava. O que mais estava escondido nas sombras? Havia uma rede de segredos que se estendia muito além do que poderíamos imaginar, e eu estava determinado a desvendá-la.

Mas, à medida que a realidade se impunha, percebi que não éramos os únicos afetados. Lucas, com sua expressão de desespero e culpa, me fez entender que o passado dele também tinha suas cicatrizes. Clara, ao meu lado, parecia mais decidida do que nunca, mas havia um medo em seus olhos que não podia ignorar.

A verdade estava próxima, mas as consequências de nossas escolhas ainda estavam por vir. E, enquanto caminhávamos para o desconhecido, percebi que essa jornada estava apenas começando.

A adrenalina ainda pulsava em meu corpo quando, finalmente, encontramos um local seguro para nos escondermos. Clara e Lucas estavam ofegantes, mas a determinação em seus olhos refletia a mesma urgência que eu sentia. Sabíamos que a figura encapuzada não era apenas um inimigo; era parte de um quebra-cabeça que nos levava a verdades ocultas e a um destino muito maior do que qualquer um de nós poderia imaginar.

Enquanto nos acomodávamos em uma sala escura, algo inexplicável começou a acontecer. Uma energia pulsante parecia emergir de dentro de mim, como se eu estivesse conectado a uma força ancestral. Lembrei-me das histórias que meu pai me contava sobre os antigos guardiões, aqueles que dominavam as forças sobrenaturais. Naquele momento, percebi que eu não era apenas um espectador; eu tinha o poder de moldar meu destino.

“Eu posso sentir isso,” murmurei, minha voz quase um sussurro. Clara e Lucas me olharam, confusos, mas havia uma centelha de esperança em seus olhos. “Sei que posso controlar essa energia. Se eu conseguir, podemos enfrentar aquela figura.”

Concentrei-me, fechando os olhos e permitindo que a força fluísse através de mim. O ambiente ao nosso redor começou a vibrar, e uma luz intensa irrompeu de minhas mãos. Quando abri os olhos, vi a expressão de assombro de Clara e Lucas. Era como se eu tivesse despertado algo que estava adormecido dentro de mim por muito tempo.

“Vamos!” gritei, usando meu novo poder para abrir uma porta que antes parecia fechada. Avançamos, prontos para enfrentar a figura encapuzada. O medo que antes nos dominava agora se transformava em coragem.

A batalha final estava prestes a começar. Eu sabia que a verdade sobre meu pai e a morte de Carlos estava ao nosso alcance. E, com essa força sobrenatural ao meu lado, não havia como voltar atrás. Era hora de reclamar meu destino.

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