Relatos Assustadores com Freiras Ep.01

Quando foi a última vez que você olhou para trás e sentiu que algo — ou alguém — o observava?

Uma sombra fugaz, um sussurro no vento, ou talvez uma lembrança distante que você preferiria esquecer. Eu nunca imaginei que, ao visitar o antigo convento de Santa Maria da Luz, em Santa Teresa, eu me tornaria parte de uma narrativa tão sombria e inquietante. A história que estou prestes a contar não é apenas sobre freiras e a busca por redenção; trata-se de mistérios enterrados sob camadas de silêncio e segredos que pulsavam nas paredes de pedra daquele lugar.

Meu nome é Alzira, e cresci em um dos bairros mais emblemáticos da cidade. Desde pequena, ouvia histórias sussurradas sobre o convento, onde mulheres de fé supostamente buscavam abrigo, mas onde também se falava de estranhas ocorrências e desaparecimentos inexplicáveis. Era o tipo de lugar que fazia a curiosidade transbordar, mas que também despertava um certo receio. O convento, com suas janelas em arcos góticos e o imponente campanário, erguia-se como um monumento à devoção e, ao mesmo tempo, ao mistério.

Naquela tarde, enquanto caminhava pelas ruas de paralelepípedos de Santa Teresa, uma sensação de nostalgia me envolveu. As flores de hibisco dançavam com a brisa, mas havia algo nos olhares dos moradores que me fez sentir que eles sabiam mais do que deixavam transparecer. O convento estava a poucos quarteirões de distância, e, embora minha mente dissesse que deveria voltar, algo me puxava para frente. A curiosidade, como uma serpente, enroscava-se em meu coração e me guiava até a porta de madeira escura que guardava histórias de séculos.

Assim que entrei, o cheiro de incenso e cera queimada me envolveu. As paredes eram adornadas com imagens de santos que pareciam me observar com olhos vigilantes. Uma freira de semblante austero se aproximou, seus olhos profundos refletindo uma sabedoria que parecia ultrapassar o tempo. Era irmã Helena, e havia algo em sua presença que me deixava inquieta, como se ela carregasse um fardo que não podia compartilhar. “Bem-vinda, Alzira”, disse ela, sua voz suave como um canto de coruja à noite. Mas havia um tom de aviso na maneira como pronunciou meu nome.

Nos dias que se seguiram, eu me tornei uma visitante frequente do convento. As histórias que a irmã Helena contava eram fascinantes, entrelaçadas com relatos de milagres e tragédias. No entanto, à medida que me aprofundava na rotina do lugar, percebia que as freiras não eram apenas guardiãs da fé, mas também detentoras de segredos antigos que ecoavam pelos corredores. Um dia, enquanto explorava uma das salas de meditação, encontrei um diário gasto. As páginas estavam preenchidas com anotações frenéticas sobre aparições e eventos inexplicáveis que ocorreram dentro daqueles muros. Algo me dizia que não era apenas um relato de fé; era um alerta.

Os primeiros sinais de conflito começaram a se manifestar quando percebi que algumas das freiras pareciam se comportar de maneira estranha. Olhares furtivos, sussurros apressados, e uma inquietação palpável preenchiam o ar. Uma noite, enquanto me perdia em pensamentos na capela, ouvi um lamento distante. Não era o canto dos pássaros ou o sussurro do vento; era algo mais profundo, mais angustiante. A atmosfera, antes sagrada, tornava-se opressiva, como se as paredes estivessem se fechando ao meu redor.

 

História do convento de Santa Maria da Luz

A história do convento de Santa Maria da Luz não era apenas uma crônica de devoção, mas um eco de dor e arrependimento. Eu sabia que havia algo oculto, algo que não queria ser descoberto. Lembrei-me de minha infância, das noites em que acordava com o coração acelerado, assombrada por pesadelos que pareciam ter vida própria. Minha própria busca por respostas me levou de volta a esses momentos, e agora, ao me deparar com o mistério do convento, percebia que talvez fosse hora de confrontar meus próprios fantasmas.

E assim, enquanto a lua cheia iluminava o convento, uma decisão se formou dentro de mim. Eu não poderia me afastar até que a verdade fosse revelada. Mas quando a noite caiu, algo inexplicável aconteceu…

Quando a noite caiu, o convento pareceu ganhar vida própria. As sombras se alongavam, e o som do sino ecoava no ar fresco, como se chamasse por algo que estava escondido nas profundezas daquele lugar. Uma sensação de desassossego tomou conta de mim, e o lamento que ouvira anteriormente parecia agora mais próximo, como se estivesse chamando meu nome. Eu sabia que a verdade estava à espreita, e era hora de enfrentá-la.

Naquela noite, decidi explorar mais a fundo. As freiras já estavam recolhidas, e o corredor que levava à biblioteca estava mergulhado em uma penumbra quase mágica. Avancei cautelosamente, cada passo ecoando em minhas orelhas como um alerta. Quando cheguei à porta da biblioteca, hesitei por um momento. A curiosidade lutava contra o medo que se instalava em meu peito. Mas o desejo de descobrir o que estava por trás daquele mistério era mais forte do que qualquer temor.

A biblioteca era um lugar de silêncio sepulcral, repleto de livros empoeirados e relíquias esquecidas. As estantes pareciam se estender até o teto, e as sombras dançavam nas paredes, criando formas que pareciam se mover. Meu olhar se fixou em um livro, aberto sobre uma mesa. As palavras estavam escritas em uma caligrafia elegante, mas as frases pareciam se entrelaçar em um padrão confuso, como se alguém estivesse tentando transmitir uma mensagem desesperada.

“Não podemos mais ignorar o que está acontecendo. As visões estão se intensificando, e precisamos de ajuda”, dizia uma das anotações. Meu coração disparou. Aquela era a voz de uma freira, mas quem poderia estar tão atormentada? E o que seriam essas visões?

Enquanto eu tentava decifrar as palavras, ouvi um ruído atrás de mim. Virei-me rapidamente e vi irmã Helena, sua figura esguia emoldurada pela luz fraca que entrava pela janela. Seu olhar era intenso, e percebi que havia algo de diferente nela naquela noite. “Alzira, você não deveria estar aqui”, disse ela, a voz carregada de preocupação. “Há coisas que não podem ser vistas, segredos que devem permanecer ocultos.”

“Mas irmã, eu ouvi… eu sinto que algo está errado. O que está acontecendo aqui?” A pergunta saiu de meus lábios antes que eu pudesse pensar. A verdade estava ali, bem à minha frente, e eu não podia simplesmente ignorá-la.

Irmã Helena hesitou, os olhos escaneando o ambiente como se esperasse que algo ou alguém aparecesse. “Não é seguro falar sobre isso. Você não entende o que está em jogo.” A tensão em sua voz era palpável, e eu percebi que estava lidando com mais do que apenas um mistério — havia um medo genuíno.

“Se eu não entender, como poderei ajudá-la?” A determinação em minha voz me surpreendeu. Eu não estava apenas buscando respostas; havia uma parte de mim que queria proteger aquelas mulheres, mesmo que eu ainda não compreendesse totalmente o que estava em perigo.

Antes que irmã Helena pudesse responder, a porta da biblioteca se abriu com um rangido inquietante, e uma nova figura entrou. Era irmã Clara, outra freira do convento, conhecida por sua natureza gentil, mas que, àquela altura, estava com o rosto pálido e os olhos arregalados. “Irmã Helena, você precisa ver isso”, disse ela, ofegante. “É… é sobre as visões. Elas estão se intensificando. Eu não consigo mais ignorar.”

Irmã Helena parecia hesitar, mas a urgência nas palavras de irmã Clara a forçou a agir. “Alzira, venha conosco”, disse ela, sua mão segurando meu pulso com firmeza. Eu segui as duas freiras enquanto elas me guiavam por corredores que pareciam se transformar em um labirinto. O que estava prestes a ser revelado poderia mudar tudo.

Fomos até uma pequena sala de reuniões, onde uma mesa antiga estava coberta com velas acesas e objetos que pareciam pertencer a um ritual. O cheiro de cera e ervas invadiu meu nariz, e a atmosfera estava carregada de tensão. “As visões estão se tornando mais frequentes e mais perturbadoras”, irmã Clara começou, seu tom de voz trêmulo. “Elas não são apenas sonhos; são experiências reais. Algo está se manifestando entre nós, e não sabemos o que fazer.”

“E se não forem apenas visões?” Eu não conseguia conter meu impulso de intervir. “E se houver uma razão para isso? Uma conexão com o que aconteceu aqui no passado?”

Irmã Helena me olhou com um misto de apreensão e respeito. “Você está certa, Alzira. Mas isso é perigoso. Muitas coisas foram enterradas neste convento, e desenterrar essas verdades pode trazer consequências terríveis. Algumas freiras já… desapareceram.”

A palavra “desaparecer” ecoou em minha mente, e a conexão com as histórias que ouvira na infância tornou-se ainda mais vívida. Eu não estava apenas em busca de respostas; estava imersa em um mistério que ameaçava não só o convento, mas também a minha própria sanidade.

“Precisamos nos unir”, eu disse, sentindo que a urgência crescia em meu interior. “Se houver algo que está se manifestando, precisamos entender o que é. E quem sabe, talvez possamos encontrar uma maneira de resolver isso antes que seja tarde demais.”

O olhar de irmã Clara se iluminou com uma esperança cautelosa, enquanto irmã Helena ponderava minha proposta. “Se você está disposta a se arriscar, então precisamos nos preparar. Não sabemos o que nos espera, mas não podemos ignorar isso. A verdade deve ser revelada, mesmo que doa.”

Naquele momento, a decisão estava tomada. O caminho à frente seria perigoso, e as sombras que nos cercavam pareciam se aprofundar. Mas eu não poderia recuar. A cada passo, sentia que os fantasmas do passado e os mistérios do presente estavam entrelaçados, e eu estava prestes a descobrir o que realmente se escondia sob as paredes do convento de Santa Maria da Luz.

E assim, com o coração acelerado, entrei em um mundo que nunca imaginei que existisse, onde a linha entre a fé e o temor se tornava cada vez mais tênue. As respostas que buscava estavam mais próximas do que eu pensava, mas o que eu descobriria poderia mudar tudo — não apenas para mim, mas para todas aquelas que habitavam aquele lugar sagrado e assombrado.

Enquanto as freiras e eu nos preparávamos para desbravar os mistérios do convento, uma sensação inquietante se instalou em meu estômago. Olhei para as velas acesas na mesa da sala de reuniões, suas chamas tremeluzindo como se compartilhassem uma mensagem oculta. O peso do desconhecido pairava no ar, e, à medida que o tempo avançava, percebi que a curiosidade tornara-se uma espada de dois gumes.

Irmã Helena começou a organizar os objetos sobre a mesa, enquanto irmã Clara me observava com um olhar que misturava preocupação e esperança. “Precisamos entender o que está acontecendo antes que as visões se tornem insuportáveis”, disse irmã Clara, sua voz quase um sussurro. “Mas você deve saber, Alzira, que algumas verdades são dolorosas e podem afetá-la de maneiras que você nem imagina.”

“Eu já encarei a dor antes”, respondi, tentando transmitir coragem, mesmo que uma parte de mim estivesse aterrorizada. “Isso não é apenas sobre mim. É sobre todas vocês. Não posso ficar parada enquanto algo tão sombrio se desenrola ao nosso redor.”

As duas freiras trocaram olhares, e percebi que havia uma conexão entre elas que eu ainda não compreendia completamente. Havia segredos que as uniam, e eu estava prestes a ser puxada para esse emaranhado de mistérios.

Irmã Helena, com um gesto firme, pegou um pequeno caderno que estava escondido entre os livros. “Este diário pertenceu a uma freira que desapareceu há muitos anos, irmã Maria. Dizem que ela estava envolvida em práticas que ultrapassavam os limites do que é aceito aqui. É possível que as visões de irmã Clara estejam relacionadas a isso.”

O nome “irmã Maria” reverberou em meu interior, como um eco de uma história que eu já conhecia. Na infância, minha avó contava histórias sobre o convento, e uma figura misteriosa chamada irmã Maria sempre aparecia. Ela era descrita como uma mulher sábia, mas cuja sabedoria custou-lhe o seu lugar entre as freiras. Eu me lembrava vagamente de uma lenda em que se dizia que ela havia se perdido em um labirinto de visões e, ao tentar escapar, deixara vestígios de sua dor nas paredes do convento.

“Como sabemos que isso é seguro?” indaguei, tentando não deixar transparecer minha crescente ansiedade. “E se trouxer à tona algo que não podemos controlar?”

“Precisamos correr esse risco”, irmã Clara respondeu, a determinação em seu olhar me inspirou. “Apenas assim poderemos liberar as almas que estão presas aqui.”

Com um aceno de cabeça, irmã Helena começou a ler em voz alta as últimas anotações do diário. A caligrafia era trêmula e as palavras, embora emaranhadas, falavam de visões de um futuro sombrio, de uma força que ameaçava consumir o convento. “A escuridão se aproxima, e eu temo que não haja tempo suficiente para nos prepararmos. Algo antigo e esquecido está despertando”, ela leu, a voz tremendo à medida que as palavras se desdobravam.

Uma onda de frio percorreu minha espinha, e a sala parecia girar ao meu redor. As visões de irmã Clara poderiam ser mais do que simples sonhos; talvez fossem advertências de algo que já havia se infiltrado em nossas vidas. O que mais poderia estar escondido sob a superfície desse convento?

De repente, uma batida forte ecoou na porta, fazendo todos nós saltarmos em alerta. Irmã Helena rapidamente guardou o diário, e irmã Clara ficou paralisada, os olhos arregalados. “Quem poderia ser a essa hora?” eu murmurei.

“Não sei, mas não podemos abrir”, irmã Helena disse, seu tom grave. “Você não entende o que pode estar lá fora.”

Mas eu não conseguia ignorar a curiosidade que me consumia. O medo me dizia para ficar quieta, mas minha determinação de descobrir a verdade me empurrava para frente. “E se for alguém que precisa de ajuda?” perguntei, minha voz mais alta do que pretendia.

Antes que pudesse decidir, a porta se abriu lentamente, revelando um rosto que eu nunca esperava ver: irmã Maria. Sua figura parecia envolta em sombras, e seu olhar era profundo e angustiado. “Vocês não deveriam ter vindo aqui”, ela disse, sua voz carregada de um peso que parecia atravessar o tempo.

O ar na sala ficou denso, e a realidade ao meu redor começou a se desmanchar. Eu sabia que estava diante de algo muito além do que eu havia imaginado. “Você… você está viva?” gaguejei, atônita.

“Viva? Ou morta? O que importa mais?” irmã Maria respondeu, sua voz agora ecoando como um sussurro distante. “O que vocês estão prestes a descobrir pode destruir tudo o que acreditam saber. A escuridão não é só uma força externa; ela reside dentro de cada um de nós.”

As palavras dela ressoaram em minha mente, e comecei a questionar minha própria sanidade. Será que eu estava realmente ouvindo tudo aquilo? Irmã Maria parecia uma visão, uma alucinação criada por minha mente em desespero. Mas havia algo em seu olhar que me dizia que ela era real, que sua presença era um chamado ao despertar.

“Por que você desapareceu?” indaguei, minha voz trêmula. “O que você sabe sobre as visões?”

Ela hesitou, e por um momento, o tempo pareceu parar. “As visões são apenas a superfície de algo muito mais profundo. O convento abriga segredos que não apenas envolvem todas nós, mas também você, Alzira. Você não é estranha a este lugar, e sua história está entrelaçada com a nossa.”

O choque dessas palavras me atingiu como uma onda. Como ela sabia meu nome? O que minha história tinha a ver com tudo isso? Lembrei-me de fragmentos de minha infância, de sonhos que eu tinha, de vozes sussurrando em meus ouvidos. Era como se a realidade estivesse se desdobrando diante de mim, revelando um passado que eu não sabia que existia.

“Você foi escolhida”, irmã Maria continuou, sua voz agora um sussurro carregado de urgência. “Escolhida para enfrentar a escuridão que se aproxima. E você não pode escapar disso.”

O que ela dizia soava como uma maldição, mas, ao mesmo tempo, havia um chamado em suas palavras que me atraía. Eu não poderia ignorar o que estava acontecendo; a verdade estava mais próxima do que eu pensava, e a conexão com o convento era mais profunda do que eu imaginava.

A tensão na sala aumentou, e percebi que irmã Helena e irmã Clara também estavam lutando contra suas próprias revelações. A sombra de irmã Maria parecia se tornar uma ponte entre nossos passados, e, à medida que o mistério se aprofundava, percebi que a próxima decisão que eu tomasse poderia mudar o curso de nossas vidas — e talvez até mesmo salvar nossas almas.

E assim, com uma nova determinação crescendo em meu coração, percebi que não havia como voltar atrás. O que quer que tivesse sido despertado no convento exigia que nós enfrentássemos não apenas os fantasmas do passado, mas também os demônios que habitavam dentro de nós. A verdade estava aí, e eu estava prestes a descobrir o que realmente significava ser parte daquela história — e o que seria necessário para desvendar o que estava escondido nas sombras do convento de Santa Maria da Luz.

A sala estava mergulhada em um silêncio opressivo, apenas interrompido pelo som da respiração acelerada de cada uma de nós. Irmã Maria se aproximou, a luz das velas dançando em seu rosto e revelando traços de uma vida marcada por experiências que não conseguia compreender. O olhar dela era intenso, como se soubesse de algo que eu ainda não tinha descoberto.

“Você precisa entender, Alzira”, ela disse, quase como se estivesse tentando me proteger de um destino sombrio. “A escuridão não é apenas uma entidade que se aproxima do convento; ela já está aqui. Está escondida nas paredes, nas almas que não encontraram descanso. E você… você é a chave.”

Minhas mãos tremiam. A ideia de ser uma chave para algo tão terrível me deixava em pânico. “O que isso significa? Como eu posso ser a chave?” perguntei, a voz quase falhando. “Eu sou apenas uma jovem que veio aqui em busca de paz e compreensão.”

“Sim, mas você não é apenas isso”, insistiu irmã Maria. “Seu passado está ligado a este lugar de maneiras que você ainda não consegue perceber. A dor que você carrega, as visões que irmã Clara tem… tudo isso está entrelaçado, e você precisa confrontar isso para que possamos nos libertar.”

As palavras dela reverberaram em mim como um tambor, e uma onda de emoção me invadiu. Lembrei-me dos pesadelos que me acompanhavam desde a infância, das vozes que sussurravam segredos para mim na escuridão. Era como se tudo estivesse se unindo em um único ponto, um clímax de revelações que eu não podia mais ignorar.

“Mas como?” Perguntei, a urgência crescendo em meu peito. “Como eu posso enfrentar algo que nem mesmo compreendo?”

Irmã Clara, que até então permanecia em silêncio, finalmente se manifestou. “Você não está sozinha, Alzira. Nós estamos com você. O que quer que esteja escondido aqui, nós enfrentaremos juntas. Mas precisamos de sua força, de sua coragem. A escuridão se alimenta do medo, e você precisa se lembrar do que realmente é.”

O olhar dela era firme, e eu percebi que, apesar do medo, havia um poder dentro de mim que eu não havia reconhecido. A conexão com aquelas freiras, com irmã Maria, era mais profunda do que eu imaginava. Nós éramos unidas por algo maior — uma missão, um destino que transcendeu o tempo e o espaço.

“Vamos juntas, então”, declarei, sentindo uma nova determinação brotar dentro de mim. “Se a escuridão está aqui, nós a enfrentaremos. Mas precisamos saber exatamente o que estamos lidando.”

Irmã Maria assentiu e, com um movimento de mão, fez sinal para que a seguissem. As três nos aproximamos da porta, e, ao cruzá-la, uma sensação de frio percorreu meu corpo. O corredor parecia se estender infinitamente, com as sombras dançando nas paredes como se estivessem vivas. Havia um cheiro de cera derretida e um eco distante que parecia me chamar.

“À frente”, irmã Maria sussurrou, e seguimos adiante, a tensão crescendo a cada passo. O universo ao nosso redor parecia se encolher, e eu senti que a qualquer momento poderíamos ser confrontadas por algo que não podíamos compreender.

Chegamos a uma porta antiga, coberta de símbolos que pareciam pulsar com uma energia própria. “Aqui está”, irmã Helena disse, a voz firme, mas com uma leve hesitação. “Dizem que este é o lugar onde irmã Maria se perdeu.”

Olhei para as freiras, sentindo a intensidade do momento. “O que devemos fazer?” minha voz saiu mais baixa, como se temesse quebrar a magia que nos envolvia.

“Devemos abrir essa porta e confrontar o que está lá dentro”, respondeu irmã Maria, a determinação em seus olhos me inspirou. “Só assim poderemos liberar as almas que estão aprisionadas e descobrir a verdade sobre você, Alzira. Você é mais forte do que imagina.”

Com um gesto decidido, irmã Helena empurrou a porta, e um rangido profundo ecoou pelo corredor. A escuridão que se escondia atrás dela parecia se agitar, quase como se estivesse esperando por nós. O ar ficou pesado, e uma sensação de desespero começou a se infiltrar em meu coração.

“Lembre-se, Alzira”, irmã Clara disse, segurando minha mão. “Você não está sozinha. Nós estamos aqui, e precisamos que você se lembre de quem você é.”

Respirei fundo, sentindo a força das palavras dela me envolvendo. Eu sabia que não poderia hesitar. Com um passo à frente, entrei na sala escura, as freiras me seguindo de perto.

Assim que cruzamos a porta, uma onda de energia me atingiu como um furacão. As paredes pareciam pulsar, e sombras dançavam ao nosso redor, sussurrando palavras que não consegui entender. Uma voz profunda e ressonante ecoou na sala: “Vocês não deveriam estar aqui.”

O pânico se instalou em meu peito enquanto olhava para as sombras que se formavam ao nosso redor. O que havia se manifestado diante de nós não era apenas uma força, mas uma entidade que parecia tirar força do nosso medo.

“Vá embora! Não pertencemos a você!” eu gritei, minha voz soando mais forte do que eu esperava. As freiras se uniram a mim, formando um círculo de proteção. Irmã Clara começou a recitar uma oração em voz alta, e as sombras pareciam hesitar, como se as palavras dela criassem uma barreira.

“Você não pode nos deter!” irmã Helena gritou, a bravura em seu olhar me encorajando. “Nós viemos aqui para libertar as almas que você aprisionou!”

A entidade, agora mais visível, se contorceu e se manifestou em uma forma grotesca, uma mistura de faces e gritos. “Vocês não sabem o que estão fazendo! A verdade é mais terrível do que imaginam!”

Senti um frio cortante, como se o próprio desespero estivesse me envolvendo, tentando me puxar para baixo. “Eu sei que há algo dentro de mim que pertence a este lugar”, gritei, a voz firme. “E não vou deixar que você me controle!”

As freiras estavam ao meu lado, e a energia entre nós começou a brilhar. A oração de irmã Clara crescia em intensidade, e percebi que a luz que emanava de nós estava desafiando a escuridão. A entidade hesitou, e eu vi uma fraqueza em seus olhos.

“Vamos juntas, Alzira!” irmã Maria gritou, e eu soube que este era o momento de confrontar a verdade que sempre esteve escondida em mim. Com um esforço concentrado, canalizei todas as minhas emoções, todas as minhas medos e esperanças, e me levantei contra a escuridão.

“Eu sou mais forte do que você pensa! Estou aqui para enfrentar a verdade, e não vou permitir que você me prenda!” Minha voz soou como um eco, e as sombras começaram a se contorcer, perdendo força.

Irmã Clara e irmã Helena se uniram a mim, e a luz que criamos se intensificou, iluminando a sala e dissipando a escuridão. O grito da entidade ecoou, uma mistura de raiva e desespero, enquanto ela começava a se desvanecer.

E naquele momento, percebi que a verdadeira batalha não era apenas contra a entidade, mas contra os medos que eu carregava dentro de mim. O poder da união, da verdade e da coragem tomava forma, e eu sabia que estávamos prestes a descobrir o que realmente significava ser parte dessa história, e como isso poderia nos libertar das correntes que nos prendiam.

A luz brilhou intensamente, e a escuridão começou a se desvanecer, mas eu sabia que isso era apenas o começo. O que quer que estivesse escondido nas sombras do convento de Santa Maria da Luz ainda não havia se revelado completamente, e o destino de todas nós ainda estava por ser definido.

Com um último grito de determinação, eu sabia que precisávamos nos preparar para a próxima revelação — porque a verdade estava prestes a emergir das profundezas, e eu estava prestes a descobrir o papel que realmente desempenharia nessa história.

A luz que emanou de nós parecia ser um farol no meio da escuridão, mas mesmo enquanto a entidade se desvanecia, eu podia sentir suas garras frias se soltando de mim, ficando marcadas na minha alma. O eco do seu grito ainda ressoava nos meus ouvidos, e a sensação de alívio foi rapidamente substituída por uma onda de exaustão. As freiras ao meu lado estavam tão esgotadas quanto eu, mas havia uma nova determinação em seus olhos.

Quando a luz finalmente se dissipou, o ambiente que antes estava carregado de sombras agora se iluminava com um brilho suave. O ar estava mais leve, mas ainda havia uma tensão palpável. Olhei ao meu redor e percebi que a sala não era apenas um espaço físico; era um testemunho de tudo o que havia acontecido ali, um lugar onde as almas que uma vez estiveram aprisionadas finalmente podiam encontrar paz.

Mas eu sabia que a batalha não havia terminado. A entidade estava derrotada, mas as cicatrizes emocionais que deixara em mim eram profundas. O peso da revelação sobre o meu passado ainda pairava sobre mim como uma nuvem escura. Irmã Maria se aproximou e, com um olhar compreensivo, tocou meu braço. “Você foi incrível, Alzira. Você enfrentou seus medos e ajudou a libertar aqueles que estavam presos. Mas lembre-se de que a jornada não termina aqui.”

“Eu sinto que há mais”, respondi, minha voz tremendo. “Mais do que a entidade. O que realmente aconteceu com irmã Maria? E por que eu me sinto tão conectada a este lugar?”

“Essas perguntas precisam ser respondidas, e não podemos ignorá-las”, irmã Clara acrescentou, seu olhar intenso refletindo a mesma determinação que eu sentia. “A escuridão pode ter sido contida, mas não desapareceu completamente. A verdade sobre o que aconteceu aqui está entrelaçada com a sua história, Alzira.”

Enquanto as freiras conversavam, notei que havia algo diferente no ambiente. As paredes, que antes pareciam vibrar com uma energia ameaçadora, agora pareciam mais calmas, mas ainda havia um sussurro, um eco distante que me chamava. Era como se as almas libertadas ainda estivessem tentando se comunicar, e eu sentia que a conexão não era apenas espiritual, mas também emocional.

“Precisamos explorar mais”, disse eu, decidida. “Não podemos deixar que isso fique sem resposta. Se há algo mais, precisamos descobrir antes que seja tarde demais.”

Irmã Maria assentiu. “Concordo. A escuridão pode ter recuado, mas não podemos deixar de estar vigilantes. O que quer que tenha acontecido aqui não está completamente resolvido.”

Com isso, decidimos investigar mais a fundo as origens do convento. Passamos horas explorando as antigas bibliotecas e os arquivos, tentando descobrir pistas sobre o passado e sobre as almas que haviam sido aprisionadas. A cada página que virávamos, a cada história que descobríamos, sentíamos que estávamos mais próximas da verdade, mas também mais sobrecarregadas pelo peso da dor que essas almas carregavam.

No entanto, algo dentro de mim ainda doía. As visões que me assombravam pareciam mais intensas do que nunca, e eu sabia que precisaria confrontá-las. Uma noite, enquanto as freiras dormiam, fui atraída novamente para a sala onde tudo havia acontecido. A luz da lua entrava pelas janelas, iluminando as paredes cobertas de símbolos que agora pareciam pulsar com uma nova energia.

Ali, sozinha, eu sussurrei para o vazio: “O que você quer de mim?” E, para minha surpresa, uma resposta ecoou na sala, clara e distinta: “A verdade.”

Aquelas palavras ressoaram em mim como um chamado. Eu sabia que minha jornada estava longe de terminar. Havia muito mais por vir, e eu precisava estar preparada para enfrentar o que estava por vir.

Quando voltei para o dormitório, encontrei irmã Helena acordada. Ela olhou para mim com um olhar preocupado, mas também determinado. “Alzira, eu sinto que você está lidando com algo muito profundo. Não carregue isso sozinha. Estamos aqui para você.”

A conexão que eu sentia com aquelas mulheres era inegável. Elas não eram apenas freiras; eram minhas aliadas, minhas irmãs de batalha. E, mesmo com as cicatrizes emocionais que eu carregava, eu não estava sozinha. Juntas, enfrentaríamos o que estivesse escondido nas sombras, e juntas, buscaríamos as respostas que precisávamos.

Nos dias que se seguiram, algo mudou entre nós. A energia que antes era de medo agora se transformou em uma união inquebrantável. As freiras e eu começamos a compartilhar não apenas nossas histórias, mas nossos medos, nossas esperanças, e o que cada uma de nós queria encontrar naquele lugar.

Mas, em meio a todas as descobertas, um novo mistério começou a surgir. Algumas das almas que libertamos pareciam ter deixado para trás uma marca, um eco de sua dor que ainda reverberava. Elas nos mostraram visões de um passado obscuro que estava longe de ser resolvido; uma história de traição e amor, de perda e redenção. Algo que havia se entrelaçado com a história do convento de Santa Maria da Luz de uma maneira que eu não conseguia entender completamente.

No entanto, o que mais me intrigava era a sensação de que havia uma conexão mais profunda entre mim e aquelas almas. Eu sentia que havia um propósito maior, uma razão pela qual eu estava ali, e que, de alguma forma, meu destino estava ligado ao passado sombrio do convento.

Enquanto as noites passavam e as histórias se desenrolavam, percebi que a verdadeira batalha ainda estava por vir. E com a força da irmandade ao meu lado, eu estava pronta para enfrentar qualquer desafio que surgisse no horizonte, determinada a descobrir a verdade que havia sido enterrada nas profundezas da escuridão. A jornada estava apenas começando, e eu sabia que o que quer que aguardasse por nós, não seríamos mais as mesmas.

A luz que havia nos guiado parecia ter se apagado, mas a sensação de que algo se aproximava era palpável. As freiras e eu estávamos reunidas no centro do convento, cercadas por um silêncio que era mais opressivo do que o grito da entidade que havíamos enfrentado. Embora tivéssemos libertado almas e desvendado histórias, uma nova sombra havia surgido, e eu sentia que a paz era apenas uma ilusão temporária.

Enquanto explorávamos o passado do convento, a conexão entre nós se aprofundava, mas a cada descoberta, a sensação de que o mal estava se reagrupando se tornava mais forte. A cada noite, os ecos das almas libertadas me chamavam para a sala onde tudo começara, onde as paredes ainda pulsavam com uma energia estranha. Eu sabia que o que havia acontecido não era o fim, mas o começo de algo muito mais aterrador.

Em uma dessas noites, enquanto as freiras dormiam, não consegui resistir ao chamado. Ao entrar na sala, o ar estava carregado de uma energia densa, e a luz da lua iluminava os símbolos nas paredes com um brilho inquietante. Quando sussurrei novamente, “O que você quer de mim?”, a resposta veio como um trovão: “O retorno.”

Aquelas palavras reverberaram em mim, e eu percebi que o mal que havíamos enfrentado não estava realmente derrotado. Ele havia se escondido, aguardando o momento certo para ressurgir com mais força. Um arrepio percorreu minha espinha ao entender que a verdadeira batalha estava apenas começando.

As freiras, percebendo minha ausência, vieram me encontrar. O olhar de Irmã Maria estava carregado de uma preocupação que não pude ignorar. “Alzira, você sente, não sente? O mal está se aproximando novamente. Precisamos nos preparar.”

A determinação em seu olhar me deu esperança, mas a verdade era que eu também estava apavorada. O que quer que estivesse se reunindo nas sombras poderia ser mais poderoso do que tudo o que já havíamos enfrentado. E, pior ainda, a conexão que sentia com as almas libertadas parecia me ligar a esse mal. Eu era uma ponte entre os dois mundos, e isso me aterrorizava.

“Precisamos encontrar uma maneira de confrontá-lo antes que ele se fortaleça,” eu disse, a voz tremendo. “Se ele voltar, não devemos estar despreparadas.”

Enquanto o tempo passava, sentimos as mudanças no ar. As noites se tornaram mais longas e sombrias, e cada vez que a lua cheia surgia no céu, um pressentimento de que algo terrível estava por vir se instalava em nossos corações. Era como se o convento estivesse vivendo um ciclo de escuridão, e nós estávamos prestes a ser arrastadas para ele.

E então, em uma noite fatídica, enquanto nos preparávamos para um ritual de proteção, uma onda de frio percorreu o convento. As luzes piscaram, e uma risada sombria ecoou através das paredes. O mal havia retornado, mais poderoso e sedento por vingança. Eu sabia que essa era uma batalha que não poderíamos vencer sem um sacrifício.

O peso da escolha caiu sobre mim. Eu poderia me sacrificar, tornando-me a guardiã da luz, ou permitir que o convento fosse consumido pela escuridão. O que quer que eu decidisse, sabia que o mal não ficaria em repouso por muito mais tempo. Estávamos à beira de um confronto que mudaria nossas vidas para sempre.

Enquanto me preparava para o que estava por vir, uma onda de determinação e terror me envolveu. O mal havia ressurgido, e eu estava prestes a enfrentar não apenas a escuridão externa, mas também a batalha dentro de mim.

E assim, com o destino do convento em minhas mãos, e a certeza de que a escuridão poderia ser apenas o começo do nosso pesadelo, a história estava longe de terminar.

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